Apresento algumas reflexões do Papa Francisco durante um encontro com estudantes, nesse dia 07 de junho:
«Todos devemos ser um pouco pobres» porque se todas as pessoas se pusessem este problema, se todos nos tornássemos um pouco mais pobres para nos assemelharmos a Jesus mestre pobre, muitos problemas poderiam encontrar solução. De fato, a pobreza é «um escândalo», «um brado». Sobretudo num mundo «no qual há tantas riquezas e recursos», mas não se compreende porque não se consegue dar de comer a todos. «Também por isto renunciei a algumas riquezas».
O Papa Francisco explica assim as suas escolhas. E fá-lo respondendo à curiosidade de alguns dos nove mil estudantes das escolas que os jesuítas têm na Itália e na Albânia, recebidos em audiência na sala Paulo VI na manhã de sexta-feira, 7 de Junho. E depois confessa-lhes que escolheu não habitar no Palácio Apostólico não por «virtude pessoal» mas porque «eu gosto de estar entre o povo – diz – e estar sozinho não me faria bem».
Poderia esperar-se isto: o encontro com estes jovens transformou-se num diálogo directo e improvisado, genuíno, sem filtros. Um diálogo que não estava previsto pelo protocolo. Mas o Papa pôs de lado o discurso preparado, resumindo-o, e convidou os jovens a aproximarem-se livremente ao microfone para lhe fazer perguntas. «Estou à disposição» disse. E fizeram-no dez jovens e um professor.
Os temas foram vários: das curiosidades pessoais às perguntas existenciais. Foram frequentes as perguntas sobre a instabilidade do futuro visto com os olhos dos mais jovens. E o Papa, não escondendo as dificuldades que certamente encontrarão no seu percurso, faz compreender a importância de saber levantar-se sem receio das falências e das quedas. A arte de caminhar implica a capacidade de suportar o cansaço. Mas é uma arte, frisou, que seria desagradável e tedioso praticar sozinhos: é melhor caminhar no âmbito de uma comunidade, com os amigos.
Este estilo de vida leva a abraçar uma determinada vocação. No caso do Papa. a de ser jesuíta. O que o estimulou, confidencia, foi a missionariedade, o desejo de sair para fora do próprio contexto para ir anunciar Jesus Cristo: e o seu desejo pessoal era partir para o Japão.
E ao contrário tornou-se Papa: «Desejaste sê-lo?» perguntou-lhe um estudante. «Se uma pessoa não ama muito a si mesmo, Deus não o abençoa. E quem se ama a si mesmo não deseja ser Papa. Por isso não fui eu que quis ser Papa».
E depois a crise, a precariedade, a política.
Uma outra aluna fala-lhe dos receios que os jovens têm do futuro considerando a agressividade da crise que não é uma questão só italiana, frisou o Papa, mas diz respeito a todo o mundo. É sobretudo uma «crise humana antes de ser económica e social». O que está em crise é antes de tudo o valor da pessoa humana porque hoje conta mais o dinheiro. Sim, reafirmou, «a pessoa hoje é escrava e compete também aos jovens ativar-se para a libertar da escravidão das estruturas económicas e sociais».
E a política não é algo que se deve manter distante, ao contrário, para os leigos cristãos é «um dever, uma obrigação» afirma o Pontífice em resposta à pergunta de um professor. É necessário «ser ativos na política: não podemos comportar-nos como Pilatos, lavar as mãos. De fato, a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque procura o bem comum. E se a política não é límpida, acrescenta o Papa, talvez seja também porque os cristãos não se comprometeram o suficiente com espírito evangélico.
E depois de novo a pobreza. Outro estudante perguntou-lhe como se relacionar com a pobreza. Firme foi a resposta do Papa: «não se pode falar de pobreza abstrata sem a experiência dos pobres, isto é, sem ter posto as mãos na carne de Cristo».
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