23 de novembro de 2009

São Damião de Molokai


Damião de Veuster (na foto, já desfigurado pela doença) nasceu no dia 3 de janeiro de 1840, na Bélgica, e morreu no dia 15 de abril de 1889, com o corpo e o rosto desfigurados pela lepra (hanseníase). Declarado bem-aventurado pelo papa João Paulo II, a figura deste missionário continua suscitando perguntas sobre a radicalidade de sua entrega. Seu nome de nascença era Jozef, carinhosamente reduzido para Jef, na intimidade.

Em 1860 professa seus votos religiosos na Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Enviado para o Havaí, Damião deixa a Alemanha, em 1863. Distribui seu retrato aos familiares, sabendo que nunca mais iria revê-los, e carrega consigo somente um pequeno crucifixo, único companheiro de sua vida missionária. A entrega total de sua vida a Deus e à causa missionária começa já neste momento da saída definitiva, para não voltar mais.

Quando, em 1873, o bispo Maigret convoca os missionários e revela sua preocupação e dor pela situação de miséria e abandono em que se encontravam os leprosos na ilha de Molokai, no Havaí, Damião se oferece como o primeiro a pisar naquela ilha “maldita”.

A lepra era um verdadeiro terror para todos. Quem se contagiasse deixava de fazer parte da sociedade civil e era totalmente segregado. Os leprosos daquela área eram obrigados a procurar Molokai e viver como animais, até a morte.

Damião chega à ilha no dia 10 de maio de 1873. Um grande grupo de leprosos aproxima-se e ele não hesita em apertar a mão de cada um. Bem cedo, torna-se a única esperança daqueles pobres. Ama-os e identifica-se com eles. Começa sempre seus discursos com as palavras: “nós, leprosos”. Ainda não sabe que, mais tarde, isso será realidade também para ele. Ajuda a organizar a comunidade dos leprosos e a garantir-lhes uma dignidade.

Esta completa dedicação faz-se amor sem limites. Compartilhando a vida dos excluídos, luta para que não vivam como animais. A dedicação faz o missionário solidário. Morre leproso e abandonado com seus amigos leprosos.

A vida de Damião de Molokai revela algo de fundamental para o caminho da missão: o amor a Jesus Cristo traduz-se numa vida doada e oferecida aos mais pobres e excluídos, sem reservas e até às últimas conseqüências. Não se pode reter uma parte de si mesmo. Não pode ser oferecido algo de supérfluo. A missão é um projeto de vida doada para sempre e em toda sua radicalidade. A fonte para tal heroísmo pode ser expressada com estes termos: a vida adquire seu maior significado e tem valor de imortalidade, quando é doada aos pobres, sem reservas, por amor a Jesus e ao seu Reino.
Damião de Molokai foi canonizado pela papa Bento XVI no dia 11 de outubro de 2009.
A veneração e o respeito ao Pe. Damião de Molokai não se restringem à Igreja Católica: diversas confissões viram nele altíssimas qualidades, e ainda em vida ele foi distinguido com a admiração e o apoio (inclusive financeiro) advindos de agremiações não alinhadas com as convicções pelas quais o sacerdote missionário viveu e morreu. Uma detalhada carta aberta foi dirigida pelo escritor Robert Louis Stevenson a um ministro da religião por ele seguida, em firme e fundamentada defesa da memória do recém falecido Pe. Damião, vítima de críticas destrutivas que visavam a Santa Igreja através de seu dedicado servo.
Disse Mahatma Ghandi: "Se a assistência aos leprosos é tão cara ao coração dos missionários católicos, isso se deve ao fato de que nenhuma obra exige, como ela, um espírito de sacrifício. Ela exige o mais elevado ideal, a mais perfeita abnegação. O mundo político e jornalístico não tem heróis os quais possa glorificar e que sejam comparáveis ao Pe. Damião de Molokai. A Igreja tem entre os seus milhares de pessoas que, como ele, sacrificaram sua vida em serviço dos leprosos. Valeria a pena pesquisar em qual fonte um tal heroísmo se alimenta".
Site da Congregação dos Sagrados Corações (www.ssccpicpus.com)

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