25 de março de 2010

Oração: experiência de encontro com Deus

A oração como experiência de Deus


Fazer uma experiência de Deus é o desejo mais comum entre nós, não importando qual seja a concepção, a ideia que já se tem sobre Deus. Para fazer esta experiência, costumamos criar artifícios e fórmulas que, além de tornar nosso contato com o divino uma experiência comunitária, também auxilia na forma com que nos comunicamos com Deus. São diversos ritos e encontros que nos auxiliam nesta busca.
Um forte “encontro com Deus” acontece na oração, na sua forma mais simples. Para se fazer a experiência da oração, a própria Palavra nos dá dicas (Mateus 6,6).
Nossa oração deve ser uma incessante peregrinação num caminho onde saibamos contemplar a paisagem, seus detalhes mais bonitos e por muitos não observados e valorizados. A oração precisa nos tornar sensíveis, capazes de perceber a nós mesmos e aos outros; deve ser um caminhar constante no mundo, tendo presente seus anseios, dificuldades, sofrimentos, medos, mas também suas alegrias, conquistas e possibilidades. A vida é uma oração pelo milagre maior de Deus: a própria vida.
Quando assim percebemos, esse modo de oração nos exige mais.
A oração precisa ser a prática do nosso amor a Deus, e isso acontece quando a tornamos prática entre nós mesmos, amando a si próprio como aquele que é imagem de Deus, templo maior do Espírito Criador, e amando os outros por serem o complemento dessa realidade: somente em comunidade é possível perceber o amor de Deus. Estar com os outros, participar da vida dos outros, é estar “ampliando” o próprio Deus na nossa vida. Por isso mesmo o Criador, na sua essência, é comunidade e assim se fez para que também sejamos, pois somos a sua imagem e semelhança.
Entender o sentido da oração é colocar-se a serviço de Deus: Senhor, o que queres que eu faça? Pois “fazer a vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada” (Salmo 39,9).
A oração também nos leva, antes da ação, à contemplação: contemplar o mistério de Deus, a ação do Espírito Santo e o Coração de Jesus. Contemplar é admirar, mas também buscar seu entendimento, conhecer o que se olha e tornar-se um dele. É essencialmente comprometedor, pois pela contemplação percebe-se o quanto Deus nos ama. Seu amor por nós é infinito: se fez pecado na cruz, o nosso pecado, para dele nos libertar. Abraçar a espiritualidade do Coração de Jesus, o Deus feito humano, é acreditar no amor que se faz misericórdia.
Um modelo exemplar de oração encontramos em Maria, mãe de Jesus. Ela rezava com sua vida, de forma integral e disponível. Fazia-se presente e sensível às coisas que a cercavam e, pela oração, buscava soluções.
Maria se faz presente nos acontecimentos e, principalmente, aberta à sensibilidade, percebendo as necessidades do momento. Na busca pela solução do problema, ela reza: pede a Jesus por mais vinho. Ele retruca. Ela persevera: “fazei o que ele vos disser”.
Ela poderia desistir diante da resposta negativa, mas com coragem persiste, reza, confia. E é atendida! Com este gesto, Maria nos ensina a rezar uma oração que transforma, que traz felicidade, que nos garante o vinho, símbolo da celebração do amor. Como ela, devemos estar sensíveis à nossa realidade e torná-la oração constante; estar sensíveis à Igreja e se colocar a serviço, em missão, na construção da fraternidade.
Jesus é o maior testemunho de oração. Toda a sua vida foi uma completa oração, a mais perfeita e total.
Ao nos ensinar o Pai-Nosso, revela justamente que a oração deve ter reflexo da vida e na vida: “seja feita a tua vontade assim na terra como no céu” (Mateus 6,9-13).
Rezar pelas coisas da vida. Para isso, não precisamos falar de Deus aos outros, mas falar para Deus com os outros.
Saibamos sentar junto aos pés do Senhor e ouvir sua Palavra (cf. Lucas 10,39).

por Giorgio Sinestri , scj

2 comentários:

Anauri disse...

Olá amigo! Lendo esta tua reflexão surgiu um quetionamento a partir de uma afirmação sua: "somente em comunidade é possível perceber o amor de Deus"? Eu concordo que na comunidade que o Amor de Deus se manifesta de forma plena; porém, me surge a dúvida: é possível a manifestaçao de Deus em âmbito individual? espero que possas me ajudar! Grande abraço.

Giorgio,scj disse...

A conversa segue em http://proseandoscj.blogspot.com/2010/04/amor-comunitario.html