29 de abril de 2011

Bíblia: ler no contexto


É importante entendermos uma regra de ouro da literatura, qualquer que seja ela: ler o texto dentro do seu contexto. Isso significa ver o texto também como produto de pessoas diferentes e de épocas também diferentes. Muitas vezes nos sentimos desencorajados com determinados textos bíblicos por não conseguirmos entender essas passagens. Quem nunca leu um texto bíblico e não apreendeu quase nada do que estava escrito ali? Quem nunca se deparou com conceitos muito complicados e muito distantes daquilo que entendemos e vivemos hoje?

Isso acontece porque cada um dos livros da Bíblia faz parte de um contexto mais amplo e por se tratar de textos que foram escritos numa época muito distante da nossa. Assim, a leitura se torna um pouco mais complexa e, não raras vezes, incompreensível, em virtude de uma distância temporal, linguística e cultural existente entre a redação do texto bíblico e a interpretação que fazemos hoje. E por isso a atenção para a necessidade de uma leitura mais cuidadosa e não tão rápida e superficial, para que não ocorra uma interpretação equivocada e arriscada, porque é natural entendermos o que lemos a partir de conceitos e da ideia que temos do mundo moderno em que vivemos, esquecendo-nos de que a Sagrada Escritura é formada por textos antigos, construídos num mundo diferente do nosso.

Dessa maneira, precisamos buscar o máximo de informações sobre o texto que iremos estudar. Tudo que o cerca, de modo especial o período em que foi escrito e pelo contexto histórico em que foi influenciado. Quanto mais informações tivermos a respeito do texto, tanto mais poderemos nos guiar pela regra literária citada no começo deste artigo: ler o texto dentro do contexto.

Mas como podemos saber mais sobre a época em que os textos bíblicos foram compostos e sob quais condições se deu esse processo de redação deles?

É fácil. Basta consultarmos as nossas Bíblias, pois elas nos fornecem essas informações. Precisamos conferir as introduções apresentadas antes de cada livro bíblico. Assim acontece, por exemplo, nas traduções da Bíblia como a versão da TEB, da Bíblia Jerusalém e do Peregrino. Ou ainda, como na tradução da Bíblia Ave-Maria, que traz logo na sua abertura um comentário sobre cada um dos livros sagrados. Essas introduções são muito importantes, pois nos dão informações preciosas a respeito do livro que leremos, as quais são muito úteis e práticas a respeito do período de composição do texto, sobre o contexto histórico no qual se deu essa redação, a qual grupo esse texto foi primeiramente dirigido, quem o redigiu, entre outros.

Caso tenhamos acesso a fontes confiáveis que podem da mesma maneira, e talvez de forma mais completa, nos fornecer essas informações, podemos e devemos usá-las. Mas lembre-se: é importante que conheçamos bem essa literatura secundária utilizada para não consultarmos uma bibliografia que possa nos levar ao erro.

Um alerta: muito cuidado ao buscar essas informações na internet, para aqueles que fazem uso dessa ferramenta poi, infelizmente, em se tratando de estudos bíblicos, a grande maioria das coisas na internet possui muitos erros ou está ligada à outra doutrina diferente da católica.

Outro recurso apresentado pelas Bíblias, que muito nos auxiliam na compreensão dos textos e nos fornecem informações importantes a cerca do que lemos, são as notas de rodapé. Essas notas são muito valiosas porque são explicativas, por intermédio delas nos são esclarecidas questões ligadas à língua, à geografia, à cultura, entre tantas outras coisas que facilitam o nosso entendimento do texto. Muitos ignoram essas notinhas, justamente por serem pequeninas, às vezes até difícil de serem enxergadas, mas elas estão ali para servir de auxílio para que o texto se torne mais acessível a nós que estamos distantes temporal, cultural e linguisticamente dos textos bíblicos.

A Igreja e nossos tradutores conhecem as distâncias entre nós e o texto e, consequentemente, sabem do risco de uma leitura fora de contexto. Ou seja, informações presentes na própria Bíblia, ainda que não sejam o texto bíblico propriamente dito, são não apenas importantes, mas necessárias para uma leitura da Palavra de Deus sem equívocos e que nos permitem, verdadeiramente, encontrarmo-nos com o sagrado.

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