4 de abril de 2011

Solte a panela


"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimentos. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o local estava vazio, foi até a fogueira ardendo em brasas e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o animal a abraçou com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo o atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e em todos os lugares em que a panela encostava.
O urso nunca tinha experimentado aquela sensação. Então interpretou as queimaduras por seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore, próximo à fogueira, segurando a tina de comida. O animal tinha tantas queimaduras por seu corpo que, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo".

. Por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser muito importantes para nossa sobrevivência, mas que, na verdade, são riscos para nossa própria felicidade. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro e, mesmo assim, nos agarramos a elas, julgando-as essenciais.

Ficamos com medo de abandoná-las, e esse medo nos coloca em uma situação de sofrimento e de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em nossa vida, é necessário reconhecermos, em certos momentos, que nem sempre o que parece ser salvação vai nos dar condições de prosseguir.

Como diz São Paulo: "Examinai tudo e ficai só com o que é bom" (I Tessalonicenses 5,21). Tenhamos a coragem e a visão que o urso não teve. Tiremos de nosso caminho tudo aquilo que faz o coração arder de dor e não de amor. Solte a "panela"!

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