3 de maio de 2012

A pérola

Você sabe como se forma uma pérola?

Quando um grão de areia penetra a ostra, como defesa, um líquido no seu interior envolve o grão com camadas e mais camadas, justamente para proteger o corpo indefeso da ostra. O resultado é uma linda pérola, que se forma aos poucos, como resultado de uma cicatrização. Se esse processo, que exige esforço e tempo, for interrompido ou indesejado, nunca se formará a pérola.

Muitos são aqueles que mergulham profundamente para encontrar pérolas. São valiosas e bastante lucrativas, justamente pela dificuldade que sofrem para se formar.

As pérolas nos lembram as amizades.

Uma amizade nasceu de uma canção cantada sem fôlego.

Uma amizade nasceu da ausência, da falta, de um reencontro.
Uma amizade nasceu justamente de um encontro.
Uma amizade nasceu por causa de uma procura e de um desejo.

Amizade nasce do amor!

Muito além da conversa, de um abraço, um amigo verdadeiro é um toque de Deus no tempo de nossa história, que brota do Coração Criador para encontrar espaço no coração criado para ser amor.

É preciso mergulhar profundamente na intimidade de nosso ser, para perceber que somos feitos para responder ao amor que nos sonhou. E ao enxergar esse amor, somos impulsionados ao outro. Só assim o encontro com o outro consegue ser verdadeiro e intenso.

Você já sentiu aquele frio na barriga quando está com alguém? Esse sentir remete ao "lado de dentro", onde não se pode ver, mas é possível contemplar. É um frio que queima, que arde.

Como Moisés, chamado da sarça que queimava sem se consumir, somos chamados a nos dirigir para este espaço sagrado, nosso íntimo. Lá, onde sentimos o queimor desse amor, vamos encontrar Ele próprio que nos adverte para tirar as sandálias, os julgamentos, o egoismo, os preconceitos e, de pé livre, de coração livre, de alma livre, sem mentiras, sem falsidades, se aproximar desse lugar que é maravilhoso (cf. Êxodo 3,1-15).

Só assim o mandamento cristão faz sentido, porque o movimento proposto é exigente: amar a Deus e ao próximo, tendo como modelo o amor a si (cf. Mc 12,29-34). Esse amor a si mesmo é o primeiro passo. Quem dá esse passo, começa a caminhada para amar ao próximo e a Deus.

Esse caminhar ao encontro da sarça de cada um de nós exige nunca desistir. Deus está lá, chamando pelo nome. Mais de uma vez...

Sem as sandálias, os pés ficam desprotegidos, vão sentir os pedregulhos, as rachaduras na terra, espinhos que podem ter caído ao chão... podem se ferir, sangrar, causar dor. Mas só assim se chega à sarça, espaço sagrado, nosso interior, lugar da verdade e da transparência de nosso ser. E só chegando é que se pode partir.

Como uma pérola, uma amizade, um namoro, um casamento, uma relação verdadeira, precisa passar pela cicatrização. E depois de formada, é preciso mergulhar para encontrá-la.  Permita-se a essa aventura. A recompensa é garantida!

Giorgio, scj

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