5 de abril de 2010

Os panos da ressurreição



"Olhando para dentro, viu os panos de linho no chão..." (Jo 20,5)

A Semana Santa deste ano de 2010 foi realmente especial. Agradeço a Deus as marcas e sinais de Sua presença nestes dias, na companhia do pe. Marilton Nuss, nas terras de missão em Volta Grande, interior de Rio Negrinho, planalto norte catarinense. Celebramos, em fraternidade, a festa maior de nossa fé, a ressurreição de Jesus.
No dia de Páscoa, domingo do Senhor, refleti muito sobre a imagem forte e envolvente dos panos encontrados no sepulcro. A linguagem bíblica é realmente instigante e ilimitada...

Pensei porque tanto destaque na narrativa de João sobre o encontro dos dois discípulos com os panos "abandonados" no sepulcro e a associação direta com a ressurreição.

A ressurreição nos remete a um desejo humano evidente em toda a história: a liberdade. Jesus foi mestre em ser livre, sob todos os aspectos, especialmente diante da morte e da vida. Imagino que a tentativa foi de representar Cristo como senhor da liberdade, capaz de livrar-se das coisas que o prendiam na terra, sepultando-os e desfazendo-se disso para experienciar a ressurreição.

É um convite para casa um de nós: sepultar as coisas que nos impedem de viver na liberdade de filhos de Deus, como a ganância, o orgulho, a inveja, a injustiça, a falta de perdão... coisas que nos prendem num mundo isolado e mesquinho e nos impedem de sair dos "sepulcros" da vida. Incluo também as coisas materiais, que impedem-nos, muitas vezes, de viver a partilha e a solidariedade em gestos de egoísmo e posse. Toda matéria morre. Prender-se a isso, permanecer "enrolado" nessas coisas, como pano que envolve o corpo morto, nos impede de viver na luz de Deus.

Nosso tempo pascal pode nos ajudar a reencontrarmos Deus. Assim rezo...

Giorgio Sinestri, scj

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